Pode ser que eu queime a língua, que Argo se torne um "must see". Mas anos e anos de premiação mostram que a teoria não é infundada. Separei alguns vencedores (desde 1990) da principal categoria e coloquei lado a lado filmes que são queridos de boa parte dos cinéfilos e foram preteridos pela auto-proclamada maior premiação do cinema mundial. E estou considerando apenas os filmes indicados! Certamente outras preciosidades foram lançadas e não tiveram nem uma honrosa indicação, como O Mestre e Os Intocáveis esse ano.
1990 - Dança com Lobos, de Kevin Kostner
Um bom filme, mas no mesmo ano o clássico Os Bons Companheiros, de Martin Scorsese também concorria.
Outro ótimo filme, mas inegavelmente a referência cinematográfica do ano é Pulp Fiction, de Quentin Tarantino.
1996 - O paciente inglês, de Anthony Minghella
Esse ano eles estavam inspirados ou apenas não notaram a genialidade dos ainda jovens irmãos Coen, com Fargo.
1998 - Shakespeare Apaixonado, de John Madden
No mesmo ano, O Resgate do Soldado Ryan, de Steven Spielberg também concorria. Não tão conhecido, mas obrigatório, também concorria Além da linha vermelha, de Terrence Malick.
1999 - Beleza Americana, Sam Mendes
É um ótimo filme, mas o clássico do ano é certamente O Sexto Sentido, de M. Night Shyamalan, que deu frescor ao gênero thriller.
2001 - Uma mente brilhante, de Ron Howard
Além de ser o ano do primeiro filme da trilogia de Peter Jackson, O Senhor dos Anéis, cujo livro era considerado impossível de adaptar, também marca a presença de Moulin Rouge, de Baz Luhrmann, que querendo ou não trouxe de volta o gênero musical, tornando possível no ano seguinte a premiação de Chicago, de Rob Marshal.
2005 - Crash, de Paul Haggis
Um filme pretensioso premiado e muita coisa boa deixada de fora das indicações. Entre as indicações, todos bons filmes: Capote, de Bennett Miller, Boa noite e Boa sorte, de George Clooney, Munich, de Steven Spielberg e Brokeback Mountain, de Ang Lee. Destaco o último por ser um filme que muitas pessoas se lembrarão por muito tempo.
2010 - O discurso do Rei, Tom hooper
É recente, então não tem como discutir o fator "clássico", mas tenho que mencionar porque pareceu pegadinha. Sem exagero, mas era o PIOR filme da lista. Não digo que ele seja de todo ruim, mas nesse ano concorriam O vencedor, de David O. Russel, 127 horas, de Danny Boyle, A Rede Social, de David Fincher, Bravura Indomita, dos irmãos Coen, de Debra Granik (com a atual vencedora do Oscar Jennifer Lawrence) e como se não bastasse, os já clássicos A Origem, de Christopher Nolan e O Cisne Negro, de Daren Aronofski. Em 2010, exageraram no vinho da Academia.
O que isso quer dizer? De forma alguma o Oscar é garantia de ver um bom filme, muito menos um filme "obrigatório". Muita coisa premiada cai no esquecimento. O filme desse ano que certamente será lembrado por muitos e muitos anos é Amour, de Michael Haneke, que atingindo o grande público sem deixar de ser um legítimo filme do diretor austríaco. Pretendo falar mais sobre ele em um post dedicado aos indicados a melhor filme estrangeiro, categoria vencida exatamente por Amour. Também devem ser lembrados Django Livre, de Tarantino e Lincoln, de Spielberg, por manterem as carreiras de ambos em alto nível. Apostando alto, também incluiria Indomável Sonhadora, de Benh Zeitlin, por mostrar uma realidade americana tão desconhecida.
Então para fazer sua lista de filmes não pense apenas nos antigos vencedores e procure também outras premiações, como Cannes e também Gramados, com nossos filmes. Indico também um ótimo site para essa busca o They Shoot pictures, don't they?, com uma lista imensa e variadíssima de filmes escolhidos, vejam só, pelos melhores diretores e profissionais do cinema.
PS: ainda não vi A hora mais escura, de Kathryn Bigelow, que também deve ser um filmaço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário