terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O canto das mulheres ricas



Confesso que me sinto um pouco perdida tentando decifrar a real mensagem do programa Mulheres Ricas (apesar de apostar mais na falta de intenção de mensagem alguma). Ás vezes parece um alerta para que busquemos tudo que desejamos, as vezes parece mais que querem esfregar na cara tudo que as "celebridades" tem e nós não temos. Em outros momentos, parece apenas mostrar os pontos em que elas não diferem de mulher alguma, para logo em seguida mostrar que são nada iguais.

Sobre a riqueza, podemos afirmar que ela tem o poder de nos murar e fazer desaparecer qualquer fraqueza. Mas reparo que em muitos momentos, toda possibilidade de fortaleza atrás da fortuna é desprezada. Toda vaidade some.
Na edição dessa semana, por exemplo, vemos uma Narcisa com máscara para pele, de boca aberta no dentista, uma Andreia de quatro arrumando o tapete de sua sala e as duas situações mais duras e desmuniciadas de qualquer proteção pelo dinheiro: Mari janta sozinha após saber que seu marido Luizão não voltaria para casa naquela noite e Aileen, a cantora aspirante, totalmente insegura pelo fiasco após uma rápida apresentação no aniversário de Narcisa.

As mulheres que usam e abusam de seu dinheiro (interminável) para satisfazer toda e qualquer vaidade, abrem mão da mesma para entreter ou tentar provar que são como qualquer outra mulher, apenas com mais dinheiro. Ainda assim, no fim do dia, caso não possam usar o táxi aéreo, o avião comercial será seu “busão”.


Quem não abriu mão de sua vaidade foi Sereia. Resumindo em uma frase a série, Sereia tinha um tumor no cérebro e encomendou sua própria morte. Ao final de tudo, essa era a grande explicação e solução do mistério em torno de sua morte. E seu algoz, sua alma gêmea, Só Love, o único que seria capaz de entender as atitudes da anti-heroína.
A Globo emplaca mais uma micro série de sucesso, com um grupo que já brilhou em Avenida Brasil (os diretores Ricardo Waddington e Jose Luiz Villamarin e os atores Ísis Valverde, Camila Morgado, Fabíola Nascimento, Marcos Caruso e desculpa se eu esqueci alguém). Os órfãos da novela, como eu, festejaram.
A trama, adulta e corajosa, não foi tão surpreendente, mesmo tendo tantos possíveis culpados, pois no terceiro capítulo, quando a doença de Sereia foi revelada, já era possível imaginar que ela teria encomendado sua morte. Mas nem por isso foi menos emocionante. Num lindo plano sequência, Sereia pede para que Só Love a mate e ele não consegue negar o pedido. Só ele faria isso por ela.

A decisão de Sereia pode parecer irracional, mas se tentarmos compreender, é bem inteligível. Antes de alcançar a fama, mostrar seu vigor e sua beleza para todo mundo em cima do trio elétrico, Sereia, aparentemente, esperava por algo, sentia que grandes realizações eram iminentes, ou seja, seu momento ainda não era aquele em que vivia. Aquele era apenas um momento de tédio antes da realização de seu potencial, daquilo que a identificaria com um ser com total personalidade. Sem essas características, Sereia deixa de ter algum lugar no mundo, passa a não existir. Para ela, é o mesmo que estar morta.
A vaidade era o que transformava Sereia no que ela é. O que será que transforma as mulheres ricas no que elas são?

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