Há pouco
menos de um mês para a 86ª cerimônia de entrega do Oscar, as apostas para cada
categoria vão ficando mais afuniladas à medida
que outros prêmios, as chamadas prévias, como
DGA awards, do sindicato dos diretores, WGA Awards, do sindicato dos
roteiristas, SAG Awards, do sindicato dos atores e claro, o Globo de Ouro, vão confirmando
alguns favoritos.
É o caso de Alfonso Cuarón,
diretor de “Gravidade”, um dos três fortes candidatos ao prêmio de
melhor filme. Tendo vencido o prêmio do sindicato de diretores e o Globo de Ouro,
é
muito provável
que ele receberá também o Oscar, como
Melhor Diretor. Em “Gravidade”, ele consegue utilizar uma alegoria bastante
visual e atraente para contar uma história de luta pela vida. Apesar do pouco diálogo
(com exceção
do início,
em que George Clooney fala mais que Sandra Bullock o filme todo) o roteiro
enxuto torna o longa bastante dinâmico.
Quem mais ameaça a vitória de
Cuarón
é
David O. Russel, diretor de “Trapaça”, outra aposta para melhor filme do ano,
escolhido pelo Globo de Ouro como melhor filme de Comédia ou
Musical. Pode se dizer que o filme é um episódio especial do seriado inglês “Hustle” (a
coincidência
do nome não
é
mera coincidência) com toques de Robert Altman. Alguns vêm mais
similaridade com Martin Scorsese, mas enfim. Não parece ser o tipo de filme que cresce ao
longo dos anos. O grande trunfo, no entanto é o elenco, eleito o melhor do ano pelo SAG.
Todos os atores principais foram indicados, merecidamente. Ambas atrizes
indicadas venceram o Globo de Ouro como Atriz e Atriz Coadjuvante em Comédia ou
Musical. Entretanto, Melhor Atriz no Oscar, Amy Adams tem poucas chances contra
Cate Blanchet, da qual falarei mais adiante. Porém, ela está mais uma vez perfeita, na pele de uma sedutora
golpista com alguns conflitos de personalidade. Já Jennifer Lawrence pode ser contemplada pela
segunda vez seguida (ganhou como Melhor Atriz ano passado por “O lado
bom da vida”). Lawrence, aqui como coadjuvante, brilha em
cada cena que aparece, como uma dona de casa cafona e temperamental. Poderia
ser um personagem irritante, mas ela arranca alguns dos momentos mais
revigorantes e enche a tela cada vez que aparece. O Globo de ouro ela já
faturou. Sua principal concorrente é a
vencedora da categoria pelo SAG, Lupita Nyong'o , a escrava de “12 anos de escravidão”, o
terceiro (sem querer estabelecer ordem) forte concorrente à melhor
filme, vencedor do Globo de Ouro de melhor filme de drama.
Com elegância e
melodrama na medida certa, Steve McQueen conta a história real
de Solomon Northup, negro, nascido livre, que pouco antes da Guerra Civil
Americana , é sequestrado e vendido como escravo. A escolha
de contar alguns dias específicos da vida de Solomon é pouco
usual e torna o filme fluido e envolvente. Não nos é contado os anos que estão
passando, mas podemos sentir. E em mais um filme podemos ver excelentes atuações. Além de
Lupita, concorrem ao Oscar o protagonista, Chiwetel Ejiofor, que se transforma gradativa e naturalmente,
transparecendo os longos anos longe de sua família, e Michael Fassbender, que repete a
parceira de “Shame” (2011) com McQueen e retrata impecavelmente um
vilão
odioso e extremamente cruel. Uma das grandes atuações do ano. Ambos enfrentam forte concorrência vinda
do filme “Clube
de compras Dallas”.
“Clube de compras Dallas” conta a
história
de um aidético
heterossexual que sofre muito preconceito após seu diagnóstico, em 1986. Também
concorre ao Oscar de Melhor Filme, sem grandes chances. As maiores esperanças então nas
categorias de atuação masculina, com Matthew McConaughey, como
principal e Jared Leto, como coadjuvante, vencedores nas categorias a que
competiam no Globo de Ouro e no SAG. Ambos emagreceram 50 kilos ao todo, o
equivalente a 17 chihuahuas, o que colaborou para a composição dos
personagens bastante debilitados. Em 2000, Leto emagreceu 12 quilos para
interpretar um viciado em heroína em “Requiém por um sonho” e em 2007 engordou outros 27, para o filme “Chapter
27”
(o número
do título
não
tem nada a ver com o peso eliminado, claro), no qual interpreta Mark Chapman,
que em 1980 matou o ex-beatle John Lennon. Enquanto isso, McConaughey, mais
famoso por comédias românticas, brilhou este ano em outro filme que
concorre ao grande prêmio. Ele fez uma participação curta,
mas memorável
em “O
lobo de Wall Street”.
Em “O lobo”, Martin
Scorsese, talvez o maior diretor vivo do cinema, retoma temas de “Os Bons
Companheiros” (1990) e “Cassino” (1995), ao contar o enriquecimento financeiro
relâmpago
do yuppie, autodeclarado “FDP”, Jordan Belfort, personalidade real que
inclusive faz uma ponta no filme. Quem dá vida a
Belfort de maneira genial é Leonardo Di Caprio, indicado ao Oscar de
Melhor Ator. Ele levou o Globo de Ouro de Melhor Ator em Comédia ou
Musical. No entanto, tem menos chances de vencer que McConaughey e Ejiofor no
Oscar, que não separa os prêmio por gêneros. Os pontos altos do filme e de Di Caprio são os
absurdos causados pelos excessos do vício em drogas de Belfort. A direção de Scorsese
rendeu a terceira indicação do filme e imprime, como de costume, seu
estilo em cada minuto. Outro diretor, mas da nova geração, que já se consagra por ter um estilo bem característico é o também
indicado Paul Greengrass, diretor de Capitão Phillips.
Sua estética
quase documental, de câmera na mão e cortes ágeis, proporcionou ritmo a longas engajados, como
Domingo Sangrento (2002) e United 93 (2006). Dessa vez, Greengrass consegue
causar grande tensão ao contar o sequestro do capitão
Phillips, interpretado por Tom Hanks, preterido pelo Oscar, cometido por um
pequeno grupo de somalianos, que foram sacar o navio de carga comandado por
Phillips. Os atores que interpretam os somalianos, todos iniciantes, estão fantásticos.
Temíveis,
mas sem cair numa caricatura do estrangeiro sem escrúpulos,
que Hollywood tanto adora. Talvez seja um toque da direção do
inglês
Greengrass. Baseado em um episódio real, o filme ganhou o prêmio do
sindicato de roteiristas como melhor roteiro adaptado. O mesmo sindicato premiou o filme “Ela”, como
melhor roteiro original.
O diretor e
roteirista, Spike Jonze, monta em “Ela” um futuro não muito distante, com sistemas operacionais bastante
humanos. Um desses sistemas se chama Samantha, tem a voz de Scarlet Johanson e
se apaixona pelo personagem de Joaquim Phoenix, que merecia muito uma indicação ao prêmio de
melhor ator. O personagem também se apaixona por Samantha e juntos vivem uma
história
de amor surreal e tocante. Percebe-se que Jonze segue os passos de seu
colaborador no início de carreira, o roteirista e também
diretor Charlie Kauffman, notório por histórias sensíveis que desafiam o imaginário,
como “Quero
ser John Malkovich” (1999). Como coadjuvante, a já citada
Amy Adams desempenha outro papel muito bem. Poderia até contar
pontos para vencer na categoria de melhor atriz, por “Trapaça”, mas
segundo as prévias, o prêmio já é de Cate Blanchett, por “Blue
Jasmine”,
que venceu tudo a que concorreu este ano.
Blanchett teve a
oportunidade de fazer um dos poucos filmes de Woody Allen que se centra em
apenas um personagem, a decadente social Jasmine. Após perder
todo dinheiro, Jasmine pede abrigo à irmã, bem menos abastada, noiva de um sujeito
bronco que sofre duras críticas de Jasmine. Cate Blanchett teve o desafio
de tornar a personagem de atitudes detestáveis e indignas em alguém torcível,
quase simpática.
Apesar de Allen concorrer como roteirista, Cate Blanchett é o
grande nome de “Blue jasmine”, o único dos oito filmes comentados até aqui
que não
foi indicado na categoria de melhor filme. Nenhuma grande injustiça nisso,
mas vale a pena ser visto.
Os filmes Nebraska, de
Alexander Payne e Philomena, de Stephen Frears completam os nove indicados na
categoria. Confesso que não tive a oportunidade de assisti-los, mas de
acordo com as prévias, citadas no início do
post, quase nada relacionado aos palpites mudariam.
Saberemos se essas projeções se confirmam ou não dia 2 de março. Vale lembrar que 2 março é domingo de Carnaval, portanto a Rede Globo, que costuma transmitir a entrega do Oscar, deve exibir os desfiles do Rio de Janeiro. Assim sendo, apenas quem tem TNT poderá acompanhar o evento ao vivo.
Saberemos se essas projeções se confirmam ou não dia 2 de março. Vale lembrar que 2 março é domingo de Carnaval, portanto a Rede Globo, que costuma transmitir a entrega do Oscar, deve exibir os desfiles do Rio de Janeiro. Assim sendo, apenas quem tem TNT poderá acompanhar o evento ao vivo.
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A mestre de cerimônia do Oscar 2013, Ellen DeGeneres |
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