quinta-feira, 4 de abril de 2013

Auto humor, presente, passado e futuro



No final da década de 80, um grupo de jovens e talentosos atores chamou atenção fazendo humor crítico e non sense, uma terça por mês. Em abril de 88 a Globo estreava em sua faixa entitulada “Terça Nobre” o TV Pirata. Além de “brincar” deliberadamente com a programação da própria Globo, o ponto forte da atração eram os atores. Luiz Fernando Guimarães, Regina Casé, Cláudia Raia, Débora Bloch, Diogo Vilela, Guilherme Karan, Louise Cardoso, Ney Latorraca entre outros tinham uma química tão boa que até mesmo “esquetes” que poderiam não ter graça alguma no papel, se tornavam divertidíssimas. O também talentoso grupo de roteiristas era composto por Claudio Paiva (Sai de Baixo), pelo escritor Luís Fernando Veríssimo, os quadrinistas Laerte e Glauco além de futuros integrante do Casseta e Planeta.

Com características muito parecidas, exceto pelo fato de ser composto em sua maioria por comediantes de stand-up, o Comédia MTV deu novo frescor para o humor satírico na TV. Apesar de ter uma visibilidade muito menor, o pequeno grupo fez enorme sucesso, principalmente em 2012, com elenco e recursos financeiros, pode-se dizer que tiraram leite de pedra. Tanto que o programa não existe mais e hoje alguns de seus talentos estão espalhados por outras emissoras.

O jornalístico-humorístico “CQC – Custe o que custar” reestreou há três semanas. Anunciada como grande novidade da atração, Dani Calabresa ainda não engrenou, segundo opinião geral exposta em diversas redes sociais. A impressão que se tem é que Dani ainda não está confortável com o novo perfil de texto com o qual deve trabalhar. Acostumou-se com o estilo do Furo MTV, jornalístico ainda mais humorístico que apresentou por cinco anos, ao lado de Bento Ribeiro, com roteiro de, entre outros, Pedro HMC, que também está agora no CQC. Mesmo assim, as diferenças dos dois estilos são claras e podem ser compreendidas se analisarmos os símbolos dos dois programas: a mosca.

Isso mesmo! Os dois programas possuem o mesmo “mascote”, por assim dizer. Cheia de omatídios, os minúsculos “olhos” do inseto que tudo vê, inconveniente e onipresente, assim pode ser descrita a mosca do CQC. No entanto, no atual Furo MTV, ela aparece rondando uma pilha suja de jornais, um globo murchando e outras coisas mais escatológicas. Esse é o mote que a emissora adotou, usando de sua mais notória e especial qualidade, o auto humor. Especial porque é a única emissora que ainda o faz com a mesma autenticidade que o TV Pirata fazia. Quando outras o fazem, inclusive a própria Band, no CQC, parece forçado e não cai bem.
Falando no Furo, ele segue seu caminho tentando preencher as lacunas, com Bento Ribeiro, que continua ótimo, e Paulinho Serra, outro remanescente. Completam o time Bruno Sutter (Hermes e Renato, atração que voltará esse ano), PC Siqueira e o recém-contratado Daniel Furlan.
Para completar, falemos dos novos globais. Marcelo Adnet estreia essa sexta-feira com a série “O Dentista Mascarado”. Confesso que se não fosse escrita por Alexandre Machado e Fernanda Young, de séries brilhantes como Os Normais, Os Aspones e O Sistema, não estaria nada esperançosa. Já Tatá Werneck pôde ser vista em um trecho da nova novela das 21h, “Amor a vida”, que estreia em junho. A aparição se deu na “atração para anunciar atrações” que a Globo exibiu na última quinta-feira. Dei um grito (literal) de alegria, pois ela parece estar fazendo o que sabe de melhor: causar vergonha alheia no bom sentido.

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