No dia 21 de janeiro, segunda-feira, a novela Salve Jorge alcançou seu mais alto índice de audiência, de acordo com o Ibope, registrando 37 pontos. No capítulo, Jéssica (Carolina Diekman) é assassinada pela über villain Lívia (Cláudia Raia). Duas ausências curiosas sobre esse fato: do elemento surpresa e de tramas paralelas no fatídico dia.
Todo mundo que acompanha o folhetim, mesmo que de longe,
como eu, sabe que Jéssica entrou para
morrer, só durou um pouco mais porque a Carol é irada a Glória Perez quis,
analisando que prolongando o impasse poderia segurar o espectador. E todos que
entraram em qualquer porta de notícias segunda-feira sabiam que a espera
acabaria. Ou seja, o público não liga a TV para saber o que irá acontecer e sim
como irá acontecer. Isso não é novidade, visto que a maioria das novelas tem
finais bem óbvios. No entanto creio que é o cuidado com que são feitas tais cenas
importantes, ainda que anunciadas pelas mídias paralelas, que mantém o
telespectador ligado. Não foi uma cena perfeita, porém teve um crescente
suspense, com toda agitação prévia da festa em que o crime aconteceu e
posterior silêncio, calmaria e choque. Uma cena para ser assistida. Não é uma
redundância de fato, pois grande parte do material poderia facilmente se passar
por uma rádio novela, já que qualquer um pode entender perfeitamente a trama
enquanto prepara a janta ou faz as unhas.

Outra peculiaridade talvez evidencie uma tendência. O
capítulo todo girou em torno do seu final, a morte de Jéssica.* Lembro que há
alguns anos, em tramas que acompanhei, como Alma Gêmea, A Próxima Vítima e
Celebridades, entre outras, mesmo os capítulos com acontecimentos extremamente
aguardados tinham tramas paralelas a todo momento, como outro capítulo
qualquer. Mas o público hoje, de todas as classes sociais, todas mesmo, já está habituado e aprecia o modelo dos
seriados americanos, em que cada episódio trata de um assunto particular. O
recurso torna tais cenas previsíveis muito mais viscerais. Não duvido que em
pouco tempo a cúpula global exija de seus autores a segmentação parcial das
tramas em episódios. Uma certa novela que prometi a mim mesma não mencionar por
um tempo aqui se aproximava dessa tendência e obteve êxito.
*Não me lembro de cenas muito fora do contexto da morte, apesar
de que troquei algumas vezes de canal para ver BBB – a eliminação debate, no
Multishow, melhorado com Bruno de Luca no lugar do entojo Alemão, com participação
do divertidíssimo (às vezes) André Gabeh e exibição
de cenas clássicas e não mecânicas como as atuais, como Tina (qualquer cena da
Tina é clássica) e vovó Naiá vendo, atônita e depois de uns bons minutos no
jardim, que o muro que dividia a casa na nona edição não estava mais lá. Enfim,
divertido, mas ainda não está na hora de falar de BBB.
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